no rescaldo

ScreenShot106No rescaldo da noite eleitoral do passado domingo li e ouvi tudo o que é possível e imaginário. Desde a estrondosa vitória do Partido Socialista a nível nacional (que, afinal, não terá sido tão estrondosa assim), aos festejos dum partido que perdeu a única Câmara Municipal que detinha, que baixou em número de votos e de mandatos, só porque os partidos do governo saíram derrotados do acto eleitoral. Analisando friamente os resultados, houve uma clara penalização dos partidos do governo, principalmente o PSD (o CDS-PP, apesar de ter perdido eleitorado, conseguiu 5 presidências de câmara), e uma vitória expressiva da CDU (mais votos, mais mandatos e mais presidências) em municípios que eram socialistas.

Cá pelo burgo, sendo de esperar uma vitória do PS, todos ficaram surpreendidos com a magnitude da mesma. Incluindo o próprio candidato socialista, que não esperava este score eleitoral. Quando seria de prever que o Movimento Zé Gomes dividisse o eleitorado tradicionalmente socialista, ele teve o efeito inverso. Não só uniu o PS local como também provocou um efeito de “voto útil”. Eleitores que, não sendo da área socialista, optaram por votar PS com receio da eleição da candidata daquele movimento, o que afectou, negativamente, as restantes candidaturas (Amar a Terra, CDU e MICA). Principalmente a CDU, que poderia ganhar a freguesia de Benfica do Ribatejo mas cujo apoio do Movimento Zé Gomes ao seu candidato foi um presente envenenado.

Esta vitória é tão mais expressiva tendo em conta os níveis de abstenção (passou de 46% para quase 50%). Sempre pensei que o número dos não votantes diminuísse face às possibilidades de escolha. Acalentei essa esperança quando presenciei a formação de filas para votar. Mas essas deveram-se, apenas e só, à dificuldade dos mais idosos em conseguir votar. A maioria dos jovens e dos eleitores recém-recenseados no concelho optaram por ficar em casa (na freguesia de Almeirim, as secções de voto correspondentes a este eleitorado registaram índices de abstenção superiores a 60%).

Com maioria absoluta em todos os órgãos autárquicos, perspectiva-se um mandato tranquilo para os vencedores. Quanto aos vencidos, os partidos (PSD, CDS-PP e PCP-PEV) manterão, com maiores ou menores alterações, a sua actividade. Os movimentos “independentes” (MICA2013 e Movimento Zé Gomes), como será de prever, definharão ao longo dos próximos quatros anos.

(publicado originalmente aqui)

 

más linguas e coscuvilheiros

Foto: Amar A Terra

Foto: Amar A Terra

Andam por aí muitas pessoas incomodadas com o facto da coligação Amar A Terra ter realizado um jantar de campanha que contou com a presença de, aproximadamente, 500 pessoas. Apesar de não ter contado quantas pessoas lá estiveram, julgo que esse número até foi ultrapassado!

Dizem que é impossível (como se existissem impossíveis!)… Que no máximo estariam lá 400 (quem consegue mobilizar 400 pessoas, também consegue chegar às 500!)… Que alguns dos que lá estavam até nem votam na coligação (como se soubessem, antecipadamente, o sentido de voto), pois têm votado PS/Sousa Gomes (que eu saiba, o voto é secreto e, para além disso, o cenário político dos últimos anos alterou-se radicalmente).

Alguns até se deram ao trabalho de, perto da hora do jantar, estarem junto ao parque de estacionamento do restaurante a contar os carros lá estacionados e a observar quem ia marcar presença. Não é de admirar; já no dia da inauguração da sede de campanha, fizeram o mesmo!

Das duas, uma: ou não têm mais nada que fazer que bisbilhotar a vida alheia ou estão preocupados com a campanha que a coligação Amar A Terra está a realizar e como isso se poderá reflectir nas eleições.